Aconteceu no laboratório de informática da Faculdade Una, na quarta (20/10) e quinta-feira (21/10), a 3ª etapa da implantação da Agenda Desenvolvimento Econômico Local - DEL, principal engrenagem de reforço da cadeia produtiva local, pela priorização de compras públicas em microempresas, empresas de pequeno porte e microempreendedores individuais do município. O encontro teve a participação de representantes de empresas da cidade, das secretarias municipais, dos assessores de desenvolvimento econômico das regionais administrativas, de entidades de classe – com especial destaque para a Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL Contagem, o Sebrae e a Sindicato da Indústria da Construção Civil -Sinduscon.
A Agenda DEL está sendo implantada pelas secretarias municipais de Administração e de Desenvolvimento Econômico, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae-MG. A retenção de parte dos investimentos do poder público no próprio município incentivará a geração de emprego, distribuição de renda e ampliação da arrecadação municipal.
Para se ter uma breve noção, em 2020, a Prefeitura de Contagem fez um total de R$ 779.526.596,00 em compras públicas – seja para o fornecimento de mercadorias ou para a prestação de serviços. Desse montante, apenas R$ 88.950.600,10, equivalente a 11,41%, foram contratados de pequenos negócios. Ainda mais reduzido é o valor que contemplou pequenos empreendimentos do município: R$ 29.636.085,78, apenas 3,80%. Em Contagem, 43% de todos os empregos formais gerados estão em micro e pequenas empresas.
O que orienta e garante o programa de compras públicas locais é o Decreto Presidencial 8.538, dedicado ao “tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido assegurado às microempresas e empresas de pequeno porte, e aos microempreendedores individuais”.
Além da geração de emprego e renda no município, a Agenda DEL promoverá a evolução de toda cadeia econômica do município. É o que explicou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, René Vilela. “Primeiro, pela inserção competitiva dos pequenos empreendimentos da cidade. Alguns deles passarão a disputar mercados em escala estadual e até nacional. Segundo, o tecido empresarial se qualificará ainda mais, pela conformação de uma rede de empresas, dividindo problemas e compartilhando soluções. Há também a organização produtiva, que ocorrerá, naturalmente, pela interação entre os setores e a malha de fornecedores e clientes”.
O secretário também elencou o aperfeiçoamento do capital empreendedor que o investimento e a competitividade sadia criarão. “Para isso é necessário governança para a organização produtiva do desenvolvimento, com a criação de instâncias de gestão compartilhada entre empresas, sociedade e governo – todos em torno de uma visão de futuro comum”.
O superintendente de Apoio ao Empreendedor e Pequenos Negócios, Leandro de Oliveira Cunha, destacou a importância da formação dos servidores públicos como parte das etapas de implantação do programa. “Essa iniciativa possibilita aos servidores a atualização de processos e da norma legal, por meio de uma agenda de formação continuada, o que favorecerá a criação de uma cultura institucional de compras públicas locais, que fortalecerá a cadeia econômica de Contagem”.
Adriano Manetta, representante da Sinduscon-MG, falou da importância da articulação de todos os entes responsáveis pela melhoria do ambiente de negócios da cidade. “Contagem tem uma série de vantagens competitivas que outras cidades não têm. Tem uma base industrial e comercial muito forte, por exemplo. Esse é um evento que visa construir um planejamento para articular essas vantagens”, disse.
“O encontro de várias perspectivas de pensamento de desenvolvimento do município”, completou Manetta, “além de reconhecer potencialidade o município, soma esforços para que essas vantagens operem conjuntamente, o que não vinha acontecendo. Essa articulação mudará nossa posição estratégica e melhorará o funcionamento do município, transformando-nos num lugar mais atrativo para novos empreendimentos”.
O presidente da Engetron, Aloísio Bartolomeu Pego de Oliveira, destacou que o evento embriona uma Contagem nova, com empregos de alto nível, elevando, por extensão, todas as demais colocações – o que transforma consideravelmente a qualidade de vida de toda a cidade. “Temos um potencial muito grande como cidade. Temos cadeias produtivas instaladas, um governo com técnicos competentes, cujo conhecimento podemos atestar nas intervenções durante esse curso. Nosso desafio é trabalhar a articulação entre a Academia, entre as empresas e o governo, a fim de potencializar todas as nossas vantagens competitivas”.
Zé de Souza, assessor de desenvolvimento local da Regional Vargem das Flores, falou dos desafios que se desenham. “As propostas que surgem desse encontro são brilhantes, ao mesmo tempo desafiadoras. Os debates que aconteceram aqui enriqueceram a todos nós. Tiramos as melhores condições para participar da implantação do nosso próprio desenvolvimento local”.
A consultora do Sebrae-MG, Regina Silva, concluiu destacando que uma das preocupações dessa fase de implantação do projeto é a construção de institucionalidades que garantem a iniciativa do território para que ele possa sobreviver às alternâncias futuras de poder. “Nesse sentido, embora tenham lideranças chaves, todos os atores são gestores desse trabalho: representantes da sociedade civil organizada, entidades de classe, sindicatos e, claro, o poder público. Parte do desafio é sensibilizar e mobilizar todos os envolvidos nessa direção”.
